Por que a gasolina está tão cara?

Paridade internacional, custo de produção, impostos: entenda a complexidade por trás de um número.

Por Davi Teixeira

Fonte: UOL Economia

No caminho habitual para a escola, paramos para abastecer o carro. Aquela que deveria ser apenas uma passagem rápida e rotineira pelo posto se tornou assunto de texto para o Exatamente. Nunca antes foi tão caro encher o taque e, por isso, nas próximas linhas tentarei explicar e esclarecer os principais pontos que levaram às alturas o preço do combustível mais usado no Brasil.

1. Paridade internacional

Começou quando, em 1997, seguindo sua agenda liberal, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou uma lei para extinguir o monopólio nas atividades de exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil, que até então eram controladas pela Petrobras. Ainda assim, até hoje a empresa segue como uma grande referência na área e em 2016 adotou o PPI, ou Preço de Paridade Internacional, medida totalmente contrária à política de controle de preços do governo de Dilma Rousseff, que tentou frear a inflação e acabou por deixar um buraco na contabilidade da estatal.

Dessa forma, os preços começaram a oscilar de acordo com o mercado internacional e, eventualmente, os reajustes a depender da avaliação da Petrobras. Devemos lembrar que não só a gasolina é afetada pelo PPI, uma vez que, o gás de cozinha (GLP) e o diesel, por exemplo, também são derivados do petróleo. Portanto, como o preço da commodity é cotado em dólar, a valorização da moeda norte-americana forçou a gasolina para cima.

2. Etanol anidro e a cana-de-açúcar

Talvez você não saiba, mas a gasolina não é apenas gasolina. No Brasil, ela é misturada ao etanol anidro, um derivado da cana-de-açúcar, na razão de 27%. A questão é que, no conturbado 2021, a safra de cana está abaixo da produção do ciclo anterior, tendo como principais motivos a crise hídrica e alguns fenômenos climáticos atípicos no país, como as geadas. Se a produção está menor, consequentemente o preço está maior e como o etanol anidro é um componente importante da gasolina, seu custo também sobe.

Tenha cuidado, pois o etanol anidro não é o etanol vendido nas bombas dos postos, que na verdade chama-se etanol hidratado. A diferença entre eles é que o primeiro não contém água e é utilizado exclusivamente para mistura com a gasolina.

3. Impostos

Maior até mesmo do que o custo de produção (que será citado no próximo tópico), os impostos são os grandes “vilões” – apesar de não os únicos responsáveis – da alta do preço do combustível. Entre eles estão o ICMS (tributo estadual – cerca de 28% do preço final, variando entre os estados) e CIDE, PIS/PASEP e COFINS (tributos federais – cerca de 15% do preço final).

Isso significa que aproximadamente 44% do valor pago quando se enche o tanque do automóvel corresponde à contribuição para custear despesas administrativas estaduais e federais.

4. Produção, distribuição e revenda

Outra parte bastante significativa e compreensível do preço final do combustível é o custo de produção. Basicamente é o quanto é necessário e gasto para que o petróleo se transforme efetivamente em gasolina. É claro que além do custo de produção há também a parte de distribuição e revenda, afinal a gasolina não sai das refinarias para os tanques de forma mágica, alguém deve receber por fazer essa parte do trabalho.

Esses são os principais pontos que compõem o preço final da gasolina e que atingem diretamente o seu bolso. Espero que tenha compreendido que não se trata de algo simples e que por trás de um número existem questões muito mais complexas do que muitas vezes imaginamos. Deixo aqui, ao final, alguns gráficos e uma recomendação de vídeo para auxiliar seu entendimento.

Fonte: G1 – Globo

Fonte: Gazeta do Povo (preço da gasolina em US$ no mundo, 2020)

Fonte: ANP

Link do vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=LBqX8ne7FmM

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