Dualismo

-Davi Teixeira

Um tempo desses a professora Janaína Duarte (Jana) trouxe ao terceiro ano do ensino médio uma proposta: produzir uma tela expressionista. A princípio, achei que seria fácil fazer uma pintura do tipo e então nem me preocupei muito em fazer o trabalho logo de cara. Os dias foram passando, a data de entrega se aproximou e quando resolvi “botar as mãos na massa”, nada saiu. Não consegui produzir, literalmente, nada.

Faltavam dois dias para a data marcada e eu não havia nem começado o trabalho. Isso nunca me acontecera antes: não entregar um trabalho de artes ou qualquer outra disciplina por “falta de criatividade” não é algo típico de mim.

Após a aula anterior à entrega, voltei para casa muito pensativo. Simplesmente não conseguia entender porquê aquilo estava acontecendo. Resolvi sentar com a tela na minha frente e as tintas ao meu lado e prometi a mim mesmo que só sairia dali com o trabalho pronto. Foi quando eu percebi que fazer algo no estilo do Expressionismo, proposta da Jana, não se tratava de criatividade ou imaginação, mas sim de sentimentos. Nesse momento a coisa começou a fluir. Meu cérebro estava no comando e minhas mãos davam pinceladas que nem eu sabia que eram capazes. Antes do fim do dia, a pintura ficou pronta.

O que quero dizer é que, às vezes, podemos ter muita dificuldade de entender e aceitar o que sentimos. Não necessariamente sentimentos por outras pessoas, mas por nós mesmos. E foi isso que aconteceu comigo, foi por isso que não consegui produzir a tela logo de cara.

Quando ficou pronta, decidi intitular a pintura de Dualismo. O motivo é simples: os tons frios representam os sentimentos ruins e negativos, enquanto os tons quentes representam os bons e positivos. No meio, há um mero ser, que fica dividido por esses sentimentos vindos de todos os lados. Isso era o que eu sentia e foi o que demonstrei.

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