Retoma-se o debate
Polêmicas dos Jogos de Tóquio 2021
Por Isabele Uratsuka
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Seleção norueguesa feminina de handebol após jogo (Twitter/Reprodução) |
A situação mais recente é a das norueguesas no handebol de praia. Embora a Noruega tenha pedido com antecedência a Federação Internacional de Handebol permissão para substituir o uniforme obrigatório atual da seleção feminina (biquíni) por um substituto mais confortável física e socialmente para as atletas, a Federação Internacional negou e ainda informou que essa substituição seria uma infração resultante em punição. Dito e feito, quando as atletas foram ao jogo usando shorts, a federação norueguesa recebeu uma multa de cerca de 9 mil reais. Apesar da baixa repercussão, as alemãs também conduziram sua pequena revolução ao substituírem os tradicionais collants da ginástica por macacões, algo que já haviam feito em outras competições. Ao contrário da seleção norueguesa, as alemãs não foram punidas, pois, o uso de uniformes que cobrissem totalmente as pernas era permitido, mas somente atletas com motivos religiosos optavam por fazê-lo. Da mesma maneira, as Paralimpíadas não escapam do sexismo, embora pareçam escapar sempre das grandes mídias, que raramente fazem a mesma cobertura e divulgação de eventos e competições com pessoas com deficiência. Antes das Paralimpíadas começarem, a bicampeã mundial paralímpica Olívia Breen teve que ouvir de um dos funcionários do Campeonato Inglês de Atletismo que ela deveria usar algo “mais apropriado”, pois sua peça “mostrava demais”.
A questão não é sobre a roupa ser sempre curta ou sempre cobrindo todo o corpo, mas sobre como a mulher é vista. Roupas mais compridas tiram a preocupação das atletas quanto mostrar suas partes íntimas sem querer, durante as apresentações, e roupas mais curtas podem ajudar na movimentação. A questão fica muito bem elucidada na fala da criadora de conteúdo digital e ex-advogada Tova Leigh:
“Os corpos das mulheres são tratados e vistos como 'o problema'. Nossos corpos ou são 'inadequados', ou não são 'entretenimento suficiente'.”
Tudo o que as atletas querem reivindicar é o direito a se sentirem confortáveis, para assim obterem o melhor desempenho em seus esportes, e não só isso, mas conseguir inspirar outras jovens a praticarem esportes. Muitas garotas abandonam os sonhos de se tornarem atletas por insegurança com seus corpos e como teriam que vesti-los caso chegassem a uma competição, além da falta de representatividade e sem falar em todo o custo, seja ele monetário ou mental.
Nunca foi sobre as roupas, mas sim o controle sobre o corpo das mulheres ao longo da história.
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Que mensagem!: sucinta, contundente, revela o ponto fundamental da questão.
ResponderExcluirOlá Isa, é importante não desistirmos dos sonhos e esse ponto de sua reflexão sobre representatividade e corpos deve ser destacado e debatido sempre que possível.
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