A queda bilionária na fortuna pessoal de Mark Zuckerberg e a prestação de serviços pela empresa Facebook

A queda bilionária na fortuna pessoal de Mark Zuckerberg e a prestação de serviços pela empresa Facebook

Por Ana Luiza Cerqueira

    Um acontecimento que impactou o mundo da tecnologia e comunicação foi a queda sofrida pela rede Facebook e seus serviços de Messenger, Instagram e WhatsApp durante quase seis horas no dia 04 de outubro de 2021 que deixou seus 3,5 bilhões de usuários impossibilitados de enviar mensagens e publicar nessas redes sociais, além de interferir na divulgação de anúncios e prestação de serviços vinculada às redes.

    Os problemas começaram por volta das 13h e impediram completamente o funcionamento dos três aplicativos. O DownDetector, uma página que registra comentários de usuários quando uma plataforma de internet falha, coletou dezenas de milhares de reclamações de pelo menos 45 países desde a queda. O Facebook desapareceu da internet porque o sistema de nomenclatura do domínio DNS não soube para onde ir, o percurso mudou e não reconheceu um novo.

Mas você já parou para pensar qual o impacto econômico deste evento? 

    Para entendermos melhor é preciso analisar que desde setembro, as ações já caíram 14,64% e na última segunda-feira as ações de Facebook caíram 4,84%.

    A venda massiva de ações do Facebook, que se traduziu em uma perda de 4,9% na bolsa de valores, se espalhou entre as grandes empresas de tecnologia. Google, Apple e Amazon caíram entre 2% e quase 3% durante a sessão da Nasdaq. O índice que reúne as maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos fechou o dia com queda de 2%. Em poucas horas, a fortuna pessoal de Mark Zuckerberg caiu quase US$7 bilhões.

    Soma-se a isso o momento muito delicado enfrentado pela empresa, no qual queda geral ocorre, pois constata-se que no último mês o Facebook caiu 15%. Isto porque nas últimas semanas, a empresa está sob os holofotes  por uma investigação jornalística que expôs documentos internos que revelam como a companhia estava ciente da toxicidade do Instagram para muitos adolescentes. De acordo com slides de apresentação publicados pelo Wall Street Journal, 32% das adolescentes entrevistadas disseram que quando se sentiam mal com seus corpos, o Instagram as fazia se sentir pior.

    Além das denúncias da ex-funcionária Frances Haugen com documentos vazados — publicados pelo Wall Street Journal — provando que o Facebook priorizou repetidamente o "crescimento em detrimento da segurança" dos usuários. De acordo com os dados vazados, as políticas de moderação eram aplicadas de maneira distinta, ou nem sequer eram aplicadas quando se tratavam de celebridades, políticos e usuários de grande visibilidade, um sistema conhecido como XCheck (ou cross-check, que significa verificação cruzada).

    A credibilidade do Facebook   já estava em declínio e, portanto, seu desempenho econômico  desde a polêmica relacionada à privacidade dos dados de milhões de usuários que tiveram suas informações vazadas para a empresa de marketing político Cambridge Analytica por meio de testes de personalidade na rede social. Outro vazamento mostrou que o Facebook também enfrentava um processo judicial complexo por parte de um grupo de seus próprios acionistas alegando, entre outras coisas, que o valor de US$ 5 bilhões que o Facebook pagou à Comissão Federal de Comércio dos EUA para resolver o escândalo de dados da Cambridge Analytica foi tão alto porque foi destinado a proteger Mark Zuckerberg de responsabilidades pessoais.

    Agora que contextualizamos a situação da empresa, vamos as números: o Facebook totaliza um número de ações de  2.820.000.000 e tinha o valor de mercado antes na abertura do mercado (sexta-feira) de $967.288.200.000,00, consideravelmente maior que o valor no fechamento do mercado: $919.968.600.000,00. Ou seja, uma perda de $47.319.600.000,00 no valor de mercado num único dia (em reais, R$258.137.881.920,00).

    Em suma, estes incidentes evidenciaram a vulnerabilidade das conexões digitais e a debilidade do sistema que sustenta o funcionamento da rede, estendendo a gravidade da situação aos seus usuários por todo o mundo.


Referências:


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Comentários

  1. Essas cifras estratosféricas dão conta do quanto as gigantes da tecnologia têm-se tornado verdadeiros Estados sem território, influindo não só em discussões temáticas, mas também em dinâmicas econômicas decisivas para os fluxos de investimento no mundo. Ótimo texto!

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